O judiciário do velho Estado anulou a demarcação da Terra Indígena (TI) Jaraguá do povo Guarani Mbya, situada na cidade de São Paulo, no dia 21/08. Os Guarani Mbya repudiam a medida e afirmam que não vão desistir de lutar pela demarcação desta terra e de nenhuma de suas terras tradicionais. 2o2i19
Em nota, a Comissão Guarani Yvyrupa (CGY), organização que reúne os Guarani Mbya, frisou que a medida de anulação da TI Jaraguá foi “mais um tiro disparado pelos mesmos bandeirantes que sempre nos perseguiram”.
A anulação foi assinada pelo ministro da Justiça, Torquato Jardim, que alegou que o processo de demarcação da TI Jaraguá não seguiu a “legalidade estrita” e não contou com a participação do estado de São Paulo devido a existência do Parque Estadual do Jaraguá, sobreposto a TI Jaraguá. Esta medida está relacionada ao parecer aprovado no dia 19/07 pelo gerenciamento Temer/PMDB através da Advocacia-Geral da União (AGU), que obriga o uso da tese do “marco temporal” em todos os órgãos e instituições do velho Estado.
“A mensagem do Governo Temer também não deixa dúvidas: para eles, a Constituição Federal é letra morta, as leis que os brancos mesmos criam, só valem quando lhes convém”, denunciou a entidade na nota.
A anulação da demarcação da TI Jaraguá atende interesses empresariais. Em 2016, o gerenciamento estadual de Geraldo Alckmin/PSDB aprovou a Lei 16.260, autorizando a concessão de 25 áreas de preservação ambiental no estado a empresas. Segundo a lei, a concessão de 30 anos permite às empresas “a exploração comercial de recursos madeireiros ou subprodutos florestais”, além da “exploração do potencial ecoturístico das áreas”. Entre as áreas a serem concedidas está o Parque Estadual de Jaraguá.
A TI Jaraguá conta com uma área de 512 hectares, mas os cerca de 700 Guarani Mbya – em sua maioria crianças – vivem confinados em situação precária em apenas 1,7 hectares.