RR: Camponeses bloqueiam estradas por 8 dias 1w2p3z

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Camponeses bloqueiam duas estradas por mais de uma semana. Foto: Banco de Dados AND

Camponeses produtores de banana bloquearam as estradas BR-210 e BR-174 entre os municípios de São João da Baliza e Caroebe, no sul de Roraima, nos dias 11 a 19 de agosto. Os camponeses impediram exclusivamente a agem dos caminhões cargueiros de banana, que vão de Roraima à Amazonas. O protesto ocorreu durante toda a semana. Eles afirmam que os compradores de Manaus monopolizaram o mercado da banana prata na região e de que não querem pagar mais do que 30 reais pela caixa, que é vendida por até 80 reais na capital amazonense. O protesto recebeu grande apoio dos caminhoneiros e da população local.

No dia 19 de agosto, após mais de uma semana de bloqueio, o juiz federal de Roraima, Felipe Bouzada Flores Viana, determinou a desobstrução da BR-210. Os camponeses denunciam a decisão, afirmando que ela fere o direito à manifestação, bem como prejudica mais de 1.500 produtores de banana do sul de Roraima. Eles afirmam que impedir o protesto é garantir, uma vez mais, aos atravessadores compradores de banana praticarem o preço injusto que vem praticando há anos, sufocando o pequeno camponês.

O camponês David Sião, uma das lideranças do protesto, afirmou em vídeo: “Uma caixa lá chega a R$ 80, R$ 70, R$ 75 e eles querem comprar aqui R$ 20 uma caixa. Quem produz banana sabe o que a gente a hoje em dia para manter o bananal.”. O camponês também afirmou que não há previsão do protesto acabar, mesmo o bloqueio da BR-210 tendo chegado ao fim. 

O CAMPONÊS POBRE E A REVOLUÇÃO AGRÁRIA

O camponês pobre, sem terra ou com pouca terra, vive no limite da miséria e do endividamento. Este é o resultado de uma economia camponesa constantemente arruinada, e explorada pelo latifúndio. Como consequência, aumenta a margem de lucro dos revendedores, uma vez que não pagam sequer o preço de custo das bananas. Desta forma, os exploradores do povo podem, inclusive, manter baixo o preço dos alimentos na cidade, o que, contudo, não é feito neste caso, pois as grandes redes de distribuição para mercados e feiras estão elevando o preço da banana a mais de R$ 70 a caixa.

Para manter este sistema de exploração e opressão, os latifundiários impõem duras restrições e ataques aos camponeses. A produção destas famílias camponesas é comprada pelo latifúndio a preços absurdamente baixos por meio de atravessadores, distribuidoras e outros empreendimentos que revendem no atacado. Nesta situação, os camponeses que não estão organizados ou vêem sua safra apodrecer ou afundam na fome, ou vendem sua produção ao latifúndio abaixo até do “preço de banana”. A situação do sul de Roraima se assemelha com a de centenas de milhares de camponeses sem terra ou com pouca terra no país

OS FRUTOS DA REVOLUÇÃO AGRÁRIA

Segundo os feirantes manauaras, os estados que mais vendem bananas e outros alimentos a Manaus são Roraima e Rondônia. Em Rondônia, estado onde atua com proeminência a Liga dos Camponeses Pobres (L), a bananeira é uma das principais atividades da fruticultura, visando o consumo interno e o mercado de Manaus, tal como no sul de Roraima. 

A Área Canaã, localizada na região de Jaru e Ariquemes e organizada pela L é uma das áreas mais produtivas de Rondônia, sendo a que mais produz banana no estado. Mesmo trabalhando com pouco maquinário, os camponeses conseguiram ampliar consideravelmente a produção com organização popular. Além de banana, os camponeses também produzem café, cacau, arroz, milho e leite. Toda semana saem caminhões cheios de produção. São centenas de homens, mulheres e crianças que investiram tudo o que tinham na luta por um pedaço de terra na Área Canaã e lá vivem dignamente do seu próprio suor, trabalhando na terra sem financiamento ou qualquer tipo de ajuda do velho Estado burocrático-latifundiário e colhendo os frutos da Revolução Agrária.

A melhoria na vida dos camponeses organizados pela Liga dos Camponeses Pobres (L) na Área Canaã.

A produção de bananas da Área Canaã. Foto: Banco de Dados AND

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