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Esse poema nos foi enviado em celebração particular do início da gloriosa Comuna de Paris, que completou 150 anos em março de 2021. Tal feito foi um dos salvos iniciais da Primeira Grande Onda da Revolução Proletária Mundial – “o assalto aos céus” dos revolucionários communards, que tomaram e mantiveram o Poder por dois meses em Paris. 96 anos depois – no auge da Grande Revolução Cultural Proletária (GR) – o proletariado de Xangai, inspirado pela memória dos communards, toma o Poder dos quartéis revisionistas. Esse ousado ato, apoiado e impulsionado pelo Partido Comunista da China dirigido por Mao Tsetung, serviu para generalizar a forma dos Comitês Revolucionários pelo país, representando um dos mais altos picos finais dessa Grande Onda.
Saudação à primeira grande onde
Na Paris insurreta
uma barricada demanda atenção:
em seu útero
sangue communard suspende
um núcleo de aço
Germina, irrompe –
baioneta
lírio moço –
haste imponente
que pesa o peso somado
de todas barrigas prenhas
Para erguê-la, convoca-se o mundo
tal punho de
centenas de
milhares de
dedos a verticaliza
desajeitado, meando nuvens
como criança que aprende o nó
ao desatá-lo
Seu pano imenso filtra Sol e estrelas
e numa penumbra rubra os povos
repousam, sonham
acordam
tal pano curva
como curva é a Terra, como
foice curva, como
arco-íris; só de matizes
do vermelho –
único e múltiplo
puro e granular
Um muro com
centenas de
milhares de
dazibaos anuncia
sua ponta afiada pousando
Na Xangai insurreta
uma marcha humana demanda atenção:
em seu útero
sangue communard suspende
Zigoto, clivagem, feto
E há celebração
E há fogos
E há contrações
E há enxoval
à maré rebelde que a lua cheia anuncia
– mesmo que a lua minguante outrora
sugerisse um aborto
– como onda, vira pico e quebra
vira plano e varre
parindo em seu recuo
nova onda
espumas
De Paris à Xangai
Da Comuna à Comuna
Capítulo primeiro e prólogo