‘Haverá outros heróis para levantarem a bandeira’: Evento na Embaixada do Irã no DF homanegeia Hassan Nasrallah 5p6d3a

As falas das autoridades presentes sublinharam a resistência à ocupação israelense e a importância do legado de líderes como Nasrallah. “Não somos aficionados da morte, mas amantes da vida – da vida digna”, disse Alzeben, ao referir-se à luta do povo palestino. Ahmed Shehada, do Instituto Brasil-Palestina (Ibraspal), e o representante da FEPAL ecoaram essas falas, destacando a irmandade dos povos oprimidos e a resistência ao colonialismo.
Embaixador do Irã palestra em evento. Foto: Banco de Dados AND

‘Haverá outros heróis para levantarem a bandeira’: Evento na Embaixada do Irã no DF homanegeia Hassan Nasrallah 5p6d3a

As falas das autoridades presentes sublinharam a resistência à ocupação israelense e a importância do legado de líderes como Nasrallah. “Não somos aficionados da morte, mas amantes da vida – da vida digna”, disse Alzeben, ao referir-se à luta do povo palestino. Ahmed Shehada, do Instituto Brasil-Palestina (Ibraspal), e o representante da FEPAL ecoaram essas falas, destacando a irmandade dos povos oprimidos e a resistência ao colonialismo.

Ontem, 3 de outubro de 2024, a Embaixada do Irã organizou um evento em homenagem ao mártir Hassan Nasrallah, secretário-geral do Hezbollah, assassinado por Israel no subúrbio de Dahiyeh, Líbano, em 27 de setembro. A cerimônia, realizada na área externa da residência do embaixador iraniano, em Brasília, marcou o sétimo dia do assassinato do líder libanês e homenageou ainda outros mártires, como Qassem Soleimani e Ismail Haniyeh.  284e6e

A recepção reuniu diplomatas de diversos países árabes, como Ibrahim Alzeben, embaixador da Palestina, além de representantes de movimentos sociais brasileiros. O jornal A Nova Democracia também esteve presente. Durante a cerimônia, foi transmitido um vídeo em telão de LED contando a trajetória de Nasrallah e os feitos do Hezbollah sob sua liderança. Mensagens de autoridades, como o aiatolá Khamenei, exaltaram a resistência libanesa e a luta anticolonial, reforçando a solidariedade entre os povos do Oriente Médio. O embaixador da Palestina, Ibrahim Alzeben, foi o primeiro a o livro de condolências, onde deixou uma longa mensagem em árabe.

Representante de Embaixada Palestina no Brasil assina livro de condolências. Foto: Banco de Dados AND

As falas das autoridades presentes sublinharam a resistência à ocupação israelense e a importância do legado de líderes como Nasrallah. “Não somos aficionados da morte, mas amantes da vida – da vida digna”, disse Alzeben, ao referir-se à luta do povo palestino. Ahmed Shehada, do Instituto Brasil-Palestina (Ibraspal), e o representante da FEPAL ecoaram essas falas, destacando a irmandade dos povos oprimidos e a resistência ao colonialismo.

O evento reafirmou o compromisso dos presentes com a libertação da Palestina e a luta pela dignidade no Oriente Médio, mesmo após a perda de importantes líderes como Nasrallah e Haniyeh. A homenagem demonstrou que tais ações não intimidam a Resistência Nacional Palestina nem seus aliados. A inquebrantável solidariedade dos povos do Oriente Médio à justa luta dos palestinos por uma vida digna foi ressaltada por diversas autoridades presentes. O Embaixador do Irã, Abdollah Noukonam, finalizou o evento com destacando a força da resistência, ressaltando que são os sionistas, e não aqueles que os combatem, que se encontram em uma difícil situação:

“O regime sionista fracassado encontra-se em uma situação muito pior do que imagina. Eles estão presos no fogo do ódio e da ira de bilhões de pessoas amantes da liberdade e da justiça em todo o mundo”

Para o embaixador, a resistência não é derrotada quando seus líderes caem, pois a estes muitos mais se seguirão na luta pela justiça. Pelo contrário, muitos mais se levantarão para seguir na luta contra o colonialismo israelense que oprime as massas na Palestina, no Líbano e em todo o Oriente Médio.

Ilustres presenças, ilustres ausências 6o2848

A Embaixada da República Islâmica do Irã organizou este evento na área externa da residência oficial do Embaixador. Palestina, Sudão, Síria, Mauritânia e Bolívia foram representados por seus embaixadores. Líbano, Iraque e Venezuela enviaram representantes consulares. Além destes, esteve presente Ahmed Mulay, representante da Frente Polisário no Brasil. A Federação Árabe Palestina do Brasil (FEPAL) e o Instituto Brasil Palestina (Ibraspal) ocuparam lugar de destaque no evento, expressando o luto da comunidade palestina em diáspora pelo martírio de Nasrallah.

Entre os movimentos sociais, marcaram presença Ana Morais, do MST, Pedro Batista, do Comitê Antiimperialista Abreu e Lima, lideranças do PCO no Distrito Federal e diversos integrantes do Comitê de Solidariedade à Palestina no DF. Também estiveram presentes figuras relevantes da política brasileira, como Acilino Ribeiro, reitor da Unipop e dirigente nacional do PSB, João Vicente Goulart, do PCdoB, e Helyo Doyle, ex-presidente da EBC – este, demitido do cargo por uma publicação em apoio aos palestinos. Várias outras siglas da “esquerda” eleitoral foram uma ilustre ausência – como é praxe em anos eleitorais.

A recepção na residência do embaixador iraniano transmitiu vídeos contando a trajetória de Hassan Nasrallah e os feitos do Hezbollah sob sua direção. Houve falas de alguns embaixadores presentes, do Ibraspal e da FEPAL. A exibição de vídeos incluiu também uma montagem de vídeos incluindo Soleimani e Haniyeh como mártires a serem lembrados junto a Nasrallah. Foi ado um vídeo que concatenava trechos da fala do genocida Benjamin Netanyahu na ONU com imagens de palestinos nos escombros de Gaza, demonstrando o caráter hipócrita e desonesto das declarações do líder sionista.

Foi disponibilizado um livro de condolências para que os presentes escrevessem mensagens em homenagem a Nasrallah e Haniyeh. 

Por que o Irã homenageou um libanês morto por sionistas em Beirute? 2x4j5h

A embaixada do Irã organizou o evento em memória do falecimento de Nasrallah porque ele e seu partido, Hezbollah, são importantes aliados do Irã na resistência ao colonialismo racista israelense. Além disso, o grupo é composto por libaneses xiitas, inspirados na revolução islâmica do Irã, de 1979. O Hezbollah foi fundado no contexto da guerra civil libanesa, em 1985, com o objetivo de descolonizar o sul do Líbano, então ocupado pelo apartheid israelense com apoio de seus lacaios do movimento cristão fascista libanês, os chamados Falangistas, e do imperialismo estadunidense. Conquistando diversas vitórias sobre o sionismo, que culminaram com a desocupação sionista do Líbano, em 2006, o Hezbollah se tornou um dos mais importantes atores na contenção do expansionismo colonial sionista.

Nasrallah, comandante do grupo xiita desde 1992, foi o responsável por impor tais derrotas a Israel, o que lhe rendeu o respeito de todos aqueles que resistem à limpeza étnica ainda em curso na Palestina. Desde a operação dilúvio de Al-Aqsa – comandada pela Resistência Nacional Palestina e liderada militarmente pelo Hamas – Irã e Hezbollah, assim como o movimento Houthi do Iêmen, são os principais aliados da Resistência em sua luta anticolonial.

Com o martírio do líder político do Hamas, Ismail Haniyeh, e de Hassan Nasrallah, a resistência perdeu duas importantes lideranças, nesta que é parte da estratégia de dissuasão de Israel. As operações direcionadas contra líderes, em conjunto com o massacre deliberado de civis (conhecida por Doutrina Dahiyeh, em referência ao mesmo bairro no qual mataram Nasrallah), são parte central da estratégia de desmoralização da resistência.

Justiça, libertação, resistência, martírio: os discursos das autoridades presentes 60u

O embaixador Ibrahim Alzeben, da Palestina, demonstrou a Sumud (resiliência, firmeza de espírito) de seu povo a dizer que seu povo luta por sua dignidade. Essa, segundo ele, é a causa pela qual lutam palestinos, libaneses, árabes em geral. Citando o aiatolá Khamenei, Alzeben disse que “Nasrallah não é uma pessoa, mas um caminho”. De tal forma, complementou, tanto este quanto todos os demais heróis de uma “longa lista de mártires” colocaram seus nomes na história da resistência, ao lutar não só pelos palestinos, mas pela dignidade e pela justiça no mundo. O embaixador lembrou do massacre de Deir Yassin que, assim como o genocídio hoje em curso, objetivava aterrorizar os palestinos. “Mas nós não levantamos a bandeira branca, nós resistimos”:

“Não somos aficionados da morte, mas da vida. Da vida digna. E daremos a vida se for preciso pela justiça. Sentimos muito [nossas perdas], mas não vamos claudicar. Vamos seguir lutando, ressurgindo como a ave fênix, das cinzas, na luta para que a Palestina e os países árabes sejam livres e soberanos. (…) E vamos guardar na memória o apoio de todos os povos que entregaram suas mãos por esta causa”.

As falas de Ahmed Shehada, do Ibraspal, e do representante da FEPAL seguiram linha similar, destacando a irmandade dos povos que resistem ao colonialismo na região e a importância do exemplo de líderes como Nasrallah, que entregaram suas vidas por uma causa justa. 

A carta da Fepal em memória do líder libanês foi lida no púlpito para uma plateia emocionada. Em seu discurso, Shehada afirmou que “Israel é o maior propagador do terrorismo na região”, em referência ao genocídio em Gaza e aos ataques aéreos que vitimaram Nasrallah e Haniyeh.. Ao contrário do discurso sionista, que tenta convencer os libaneses de que esse genocídio nada tem a ver com eles, o presidente do Ibraspal ressaltou a irmandade dos povos: “O que o Líbano tem a ver com a Palestina? Temos muito mais do que eles pensam! Temos o mesmo sangue, mesma língua, mesmas famílias!” Em memória de Nasrallah e Haniyeh, completou: “o sangue dos mártires continuará sendo o combustível para a luta pela liberdade”.

Por fim, o sr. Abdollah Nekounam, Embaixador do Irã, fez um contundente pronunciamento reforçando o compromisso de seu país na libertação do povo palestino. Seu discurso deu grande destaque à covardia do ente sionista, que massacra crianças e civis com a torpe intenção de fazer guerra psicológica contra os oprimidos na Palestina e em toda a região. Destaca ainda a ineficácia das táticas insidiosas do apartheid israelense:

“O assassinato de heróis da luta não traz honra para seus assassinos. Um regime que, apesar de todas as suas atrocidades, não conseguiu, em um ano, superar um grupo cercado em Gaza, não pode ganhar respeito através de ações terroristas ou por meio de guerra psicológica e midiática com a ajuda de terceiros.

O embaixador ressaltou ainda a experiência e capacidade das forças da resistência, destacando a capacidade operacional e estratégica de seus grupos e líderes.

Cada segmento da resistência é, por si só, um conjunto integrado de pensamento, ideologia, prática política e, claro, uma parte defensiva. Cada um de seus líderes é um grande comandante no campo de batalha, tomando e implementando decisões e estratégias no quadro de preservar os interesses e a dignidade humana.

Finalmente, Nekounam deixou uma mensagem de esperança para os oprimidos sob cerco sionista na Palestina: “se uma bandeira cair das mãos de um herói, haverá outros heróis para levantá-la e garantir que essa luta continue até que a injustiça e a opressão sejam eliminadas”.

Tensões e descontrações: os bastidores do evento m4nt

A homenagem a Nasrallah ocorreu em meio a forte esquema de segurança. Logo ao chegar, os convidados se depararam com uma viatura da Polícia Militar do DF estacionada em frente à embaixada. Ao entrar, dois seguranças revistaram os visitantes com detector de metais – uma precaução incomum para eventos deste tipo que surpreendeu até trabalhadores do local. Tais precauções demonstram o risco que envolvem a realização de demonstrações de solidariedade à Resistência Nacional Palestina e seus aliados.

A tensão nas relações do Irã com o ente sionista, no entanto, não se refletia nos iranianos presentes. Descontraídos, conversavam tranquilamente com seus colegas de outras embaixadas. Um bottom com as faces de Ismail Haniyeh e Hassan Nasrallah sobre a bandeira palestina foi distribuído entre os convidados, arrancando sorrisos dos visitantes – pegos de surpresa por esse curioso souvenir. Crianças, vestindo o preto do luto, corriam e brincavam nos jardins da Embaixada, sob o atento olhar de suas mães que conversavam baixinho. Um iraniano, que acabara de retornar de viagem ao país, disse que o clima no país está tranquilo. Nas ruas das cidades, segundo ele, quase não se percebe que o Irã está em guerra: “o povo iraniano já ou por coisa muito pior”. “As guerras de hoje em dia são diferentes”, disse. “Quando veem foguetes no céu, as pessoas no Irã acenam para eles”, explicou, acenando e sorrindo para o céu estrelado de Brasília. “Eles acenam porque sabem para onde o foguete está indo”.

***

Confira, na íntegra, o discurso do Embaixador iraniano:

Em nome de Deus, o Clemente, o Misericordioso

Nesta noite e neste local, reunimo-nos para expressar nossa gratidão por uma vida inteira de trabalho dedicado e vibrante, fundamentado em uma visão estratégica da região e no uso de todos os recursos para a causa da Palestina, Quds-Sharif, e o apoio ao povo oprimido de Gaza, incluindo dezenas de milhares de crianças, mulheres e homens inocentes, culminando na entrega da própria vida nesta sagrada missão.

Enviamos nossas saudações à alma grande e celestial de Sayyed Hassan Nasrallah e, após uma vida de esforços e luta em defesa da Palestina, rogamos a Deus pela sua paz eterna.

Agradeço aos estimados embaixadores presentes nesta cerimônia, aos membros das missões diplomáticas e a todos aqueles que, movidos por um dever humanitário e no contexto de apoio à resistência e à valorização do povo oprimido da Palestina, compareceram a este evento.

Talvez as crianças e o povo cercado na heroica Gaza, sob o fogo da opressão e dos crimes do regime sionista, possam pensar que perderam um de seus maiores defensores. No entanto, nosso encontro nesta cerimônia tem uma mensagem para todos os oprimidos e desamparados na Palestina: se uma bandeira cair das mãos de um herói, haverá outros heróis para levantá-la e garantir que essa luta continue até que a injustiça e a opressão sejam eliminadas.

O assassinato de heróis da luta não traz honra para seus assassinos. Um regime que, apesar de todas as suas atrocidades, não conseguiu, em um ano, superar um grupo cercado em Gaza, não pode ganhar respeito através de ações terroristas ou por meio de guerra psicológica e midiática com a ajuda de terceiros.

O regime sionista fracassado encontra-se em uma situação muito pior do que imagina. Eles estão presos no fogo do ódio e da ira de bilhões de pessoas amantes da liberdade e da justiça em todo o mundo, e não podem, com ferramentas de guerra psicológica e midiática, criar esperança para si mesmos ou para o povo cercado nos territórios ocupados.

Ao contrário do inimigo sionista, que em sua guerra covarde derrama com facilidade o sangue de crianças, mulheres e civis, e que há quase um ano mantém Gaza sob o mais severo bloqueio de alimentos, cuidados médicos e todas as necessidades humanas básicas, a República Islâmica do Irã, em sua legítima defesa, conforme o Artigo 51 da Carta das Nações Unidas, utiliza grande parte de sua energia militar com extrema precisão, focando em alvos militares e de segurança, tomando o maior cuidado para evitar danos a civis.

Um ativista da mídia na Turquia disse: O Irã atacou Tel Aviv com centenas de mísseis hipersônicos.

Somente bases militares e de segurança foram alvos.

Nenhum campo de refugiados foi atingido.

Nenhum hospital foi atingido.

Nenhuma mulher ou criança foi morta.

Nenhum profissional de saúde ou jornalista foi morto.

Os inimigos da humanidade, em sua guerra psicológica e midiática, chamam as forças autênticas de resistência na região e no mundo de forças que lutam em nome de outros.

Cada segmento da resistência é, por si só, um conjunto integrado de pensamento, ideologia, prática política e, claro, uma parte defensiva. Cada um de seus líderes é um grande comandante no campo de batalha, tomando e implementando decisões e estratégias no quadro de preservar os interesses e a dignidade humana.

A resistência na região não atua em nome de nenhum país. Pelo contrário, é um movimento que não depende nem mesmo de seus grandes líderes e comandantes. Tendo adquirido experiências valiosas em diversos campos, especialmente na última década, alcançou uma maturidade que, nas condições mais difíceis, rapidamente se reconstrói e se fortalece com base em suas experiências adas.

Gostaria de mais uma vez prestar homenagem à posição elevada e única do grande líder da resistência no Líbano, que dedicou toda a sua vida valiosa à defesa da causa palestina, dos oprimidos, das crianças, das mulheres, dos homens e de cada centímetro do solo sagrado dessa terra. Que Deus conceda paz eterna à sua grande alma.

Agradeço sinceramente a todos os estimados convidados que aceitaram o nosso convite, especialmente aos respeitáveis embaixadores e membros das missões diplomáticas residentes em Brasília, bem como a todos os amigos e queridos presentes neste encontro.

Esse texto expressa a opinião do autor.

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