O governo federal anunciou hoje (12/05) a entrega de vastos recursos naturais e de produtos primários (commodities) para o social-imperialismo chinês. O acordo inclui o aumento do comércio de etanol, produzido a partir da cana-de-açúcar, a entrega de uma mina de cobre em Alagoas e a expansão de Usinas Eólicas no Piauí. 2i4t5l
O presidente Luiz Inácio (PT) participou diretamente das negociações. Ele foi acompanhado pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil), pelo presidente da Associação Brasileira de Promoção de Exportações (ApexBrasil), Jorge Viana, e por um conjunto de parlamentares do velho Estado e empresários, ligados principalmente ao latifúndio de novo tipo (agronegócio) e à mineração.
Latifúndio canavieiro sai beneficiado 4s4v3l
O governo federal tentou camuflar os prejuízos do acordo com o selo da produção de “energia renovável”. A verdade é que o acordo beneficia diretamente latifundiários e grandes burgueses, a começar pelos grandes fazendeiros do setor açucareiro.
A produção de etanol, que no Brasil ocorre principalmente através da cana de açúcar, é um dos principais setores a empregar trabalho servil (também conhecido como análogo a escravidão). Somente nos anos de 2022 e 2023, 619 pessoas foram resgatadas nestas condições, segundo o levantamento “Escravizados do Etanol”, do portal Repórter Brasil.
Segundo o levantamento, o aumento exponencial destas relações desumanas de trabalho em plantações de cana está diretamente ligado ao aumento da produção e exportação do combustível. Em 2023, o Brasil foi responsável pela produção de 30% do etanol mundial. O acordo assinado por Luiz Inácio não prevê nenhuma forma de impedir o aumento do trabalho servil com o estímulo ao latifúndio canavieiro.
Nos últimos anos, com o aumento da demanda por etanol, se expandiu também o latifúndio canavieiro. De acordo com dados do Itaú BBA Agro, para a safra de 2024/2025, as fazendas de cana de açúcar expandiram suas áreas de cultivo em ao menos 200 mil hectares.
Uma das principais formas utilizadas pelo latifúndio para adquirir novas terras e “limpar” os restos da produção anterior é a queima da palha, que afeta diretamente os trabalhadores das usinas, e a pequena e média produção camponesa nos arredores por conta da fumaça e da fuligem. Os moradores de pequenas cidades próximas também são afetados pelos gases tóxicos.
Usinas eólicas 1w3t
Outro ponto negociado entre o governo oportunista e o social imperialismo chinês é a entrega de áreas inteiras para elevar a produção eólica no País. Por R$ 3 bilhões, a empresa chinesa de energia nuclear irá instalar novos aerogeradores no estado do Piauí.
A notícia é preocupante para os camponeses do Piauí que, nos últimos anos, assistiram a expansão das usinas de energia eólica devastar sua produção e impactar profundamente o meio natural.
José Bureta, morador da comunidade Pedra do Sal em Parnaíba, Piauí, afirmou que quando os aerogeradores chegaram na região, a produção local de pesca e no plantio de frutas e verduras foi arruinada. Quando a os parques eólicos Delta 1 e Delta 2, da empresa Omega Energia chegaram, os moradores tiveram seu território cercado, sendo impedidos de colher e pescar nas lagoas.
Os moradores relatam ainda os impactos do barulho das hélices. “Um barulho que acorda a gente durante à noite. E que, a gente sabe, é para a vida inteira”, afirmou Bureta. Um estudo promovido pela Universidade de Pernambuco (UPE) , em conjunto com a Fiocruz, em abril concluiu que mais de 70% das pessoas que moram próximas a usinas eólicas desenvolvem problemas de ansiedade, surdez, estresse e podem sofrer de cegueira. Os animais criados pelos camponeses também sofrem com os impactos do barulho e diminuem a produção de leite, além de haver casos de canibalismo em suínos, devido ao estresse.
Mineração entregue n276x
A empresa de mineração chinesa Baiyin Nonferrous comprou por R$ 2,4 bilhões a mina de cobre Serrote, em Alagoas, estado que ainda sofre com as cicatrizes deixadas pelas atividades da Braskem, grande empresa de mineração que causou o afundamento do solo de Maceió e causou o deslocamento forçado de milhares de moradores.
A Baiyin Nonferrous já atua em minas de estanho e nióbio no estado do Amazonas.
Mais conflitos 6z5z33
Com mais latifundiários querendo expandir suas posses para produzir cana, mais projetos de usinas e o aumento da intensidade da atividade mineradora – tudo isso sem a entrega de terras aos camponeses pobres – é provável que o número e a intensidade dos conflitos agrários no país aumente. O ano de 2024 registrou maiores números de conflitos agrários em áreas de expansão da fronteira agrícola, mostrou o relatório Conflitos no Campo de 2024.
Os parques eólicos costumam causar uma série de conflitos territoriais entre as grandes empresas e pequenos camponeses, indígenas e quilombolas. Em 2018, a geógrafa Mariana Traldi, do Instituto Federal de São Paulo, publicou um artigo afirmando que no município de Caeté, Bahia, empresas de energia eólica se apropriaram de terras de uso coletivo, utilizadas para a produção quilombola, gerando conflitos entre as comunidades e os proprietários.
No Nordeste, as grandes empresas eólicas arrendam terras de camponeses pobres para instalar suas usinas – algo que sai mais lucrativo do que comprar grandes pedaços de terra. “São contratos totalmente assimétricos. Eles beneficiam amplamente as empresas, ao assegurar o o e o controle sobre terras de elevado potencial eólico, sem limites. Toda a propriedade da família agricultora a a ser de direito das geradoras”, explica o advogado Claudionor Vital, do Centro Popular de Assessoria Jurídica, para uma reportagem do Intercept.
Um outro estudo, publicado em 2024 na revista Nature Sustainability mostrou que mais de 33% dos parques eólicos do Brasil foram construídos em locais sem titulação e terra. A ocupação de áreas públicas não-designadas de uso comum responde por 7% do total ocupado; já outras formas de terras públicas representam 2%.
Commodities para Educação? 1114w
Durante o evento, o oportunista Luiz Inácio procurou justificar a entrega de recursos e a manutenção de uma economia agroexportadora de commodities: “Tem muita gente que reclama que o Brasil exporta para a China só produtos agrícolas e minério de ferro, ou seja, só commodities. Para que a gente possa fazer investimento em produtos mais refinados, em produto mais sofisticado, com mais ascensão tecnológica, é preciso a gente lembrar que durante muito tempo o Brasil deixou de investir em educação”.
“É preciso a gente saber quanto de tecnologia tem hoje num grão de soja, quanto de engenharia genética tem num quilo de carne que nós vendemos, num quilo de frango, num quilo de porco, num saco de milho. Ou seja, para a gente não se sentir inferior, porque só estamos exportando agronegócio”, continuou ele.
As afirmações de Luiz Inácio não se sustentam. O dinheiro da exportação de commodities é absorvido pelos poucos latifundiários que concentram a maior parte das terras agricultáveis do País. A política de isenção fiscal e outras benesses dadas ao latifúndio impedem que o Brasil lucre com esse comércio. Além disso, enquanto nos últimos anos a verba destinada ao latifúndio aumentou, não há sinal de retorno desse dinheiro para a Educação, como afirmou Luiz Inácio. No mês ado, o próprio governo itiu que em 2026 pode não ter orçamento para a Saúde e Educação.