Nas últimas semanas, um vigoroso movimento de greve de ocupação tem crescido no Brasil como parte da mobilização nacional de estudantes e professores pela revogação imediata do reacionário “Novo Ensino Médio” (NEM). Até o momento, ocupações foram registradas em uma escola estadual da capital maranhense, São Luís, e em São Paulo (SP), onde estudantes universitários ocuparam um prédio da Universidade de São Paulo (USP). Além disso, nos outros quatro cantos do Brasil, estudantes se mobilizam em manifestações, assembleias, eventos e panfletagens exigindo a revogação da contrarreforma na Educação.
As mobilizações se dão próximo ao dia 27/06, Dia Nacional pela Revogação do NEM, convocado pela Executiva Nacional de Estudantes de Pedagogia (ExNEPe) a ser realizado no dia 27/06.
MA: Secundaristas ocupam C.E. Manoel Beckman
No dia 20/06, estudantes do C.E. Manoel Beckman, na capital, ocuparam a escola após a realização de duas grandes assembleias no dia anterior. Na assembleia, que decidiu pela greve de ocupação, os secundaristas colocaram a necessidade de greves de ocupação por todo o País até a revogação total do NEM, sob as consignas de É greve, é greve, de ocupação, nem sucateamento e nem privatização! e Viva o movimento estudantil independente e combativo!. Além disso, uma série de melhorias necessárias na sua escola e convocam toda a comunidade escolar para apoiar e participar da ocupação.
Após ocuparem o prédio, os estudantes criaram diferentes comissões de trabalho para garantir o funcionamento da ocupação e da escola, como organização, limpeza, alimentação e segurança. Em somente dois dias de ocupação, já haviam sido organizados aulões pré-vestibular, um debate sobre os 10 anos das Jornadas de 2013-2014 e um protesto em frente à escola para entregar uma carta com demandas à diretoria.
A ocupação da escola angariou apoio entre os Centros Acadêmicos (CAs) de diversas universidades brasileiras, como os de Ciências Sociais e Comunicação Social da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), e de Pedagogia da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD).
Os estudantes do C.E. Manoel Beckman estão há pelo menos um mês em mobilização contra a medida. No dia 15 de maio, dezenas de estudantes da escola participaram de um grande evento pela revogação do Novo Ensino Médio na UFMA, que contou com a presença da ExNEPe e do Grêmio Estudantil Preto Cosme, do próprio C.E. Manoel Beckman.
Já apontando ali para as lutas que os estudantes da escola travariam, o presidente do grêmio afirmou no debate que: “Quando a gente está falando em lutar pela coletividade, lutar em defesa da educação pública, que é a educação dos filhos do povo, a gente fala justamente em estar olho no olho, em não ficar puxando apenas mobilização de dentro de casa, através de Twitter. A gente faz a mobilização dentro da escola, tornando ela uma trincheira de luta. Isso representa o entusiasmo da juventude brasileira, que é um sintoma desse momento político e social que estamos vivendo. Nós estamos vendo que os estudantes estão perdendo a paciência com as demagogias burocráticas, com esse blá, blá, blá, e querem fazer!”.
Dois prédios da USP ocupados
Milhares de quilômetros à sudeste, na capital paulista, alunos dos 11 cursos da EACH ocuparam, também no dia 20/06, dois prédios da universidade exigindo a revogação do NEM, a contratação de professores e o fim dos cortes no programa de auxílio-moradia e transporte. A ocupação já recebeu apoio do Centro Acadêmico Professor Paulo Freire de Pedagogia e de cursos de licenciaturas da USP.
Segundo denúncia dos estudantes, a USP Leste tem sido abandonada pela universidade, e estudantes foram cortados do Programa de Apoio à Permanência e Formação Estudantil (PAPFE). Além disso, a falta de professores está ameaçando uma série de cursos de fechamento. A mobilização dos alunos já ocorria e culminou, na semana ada, com um protesto durante visita do reitor da USP, Carlos Alberto Carlotti Jr, ao campus.
Um debate sobre a revogação do NEM já foi realizado pelos estudantes, somando-se à mobilização para uma manifestação contra o NEM da Frente Independente de Luta Contra o NEM (FIL), no dia 27/06.
Mobilização estudantil atinge todo o País
Além das vigorosas ocupações no Maranhão e em São Paulo, estudantes secundaristas, universitários e professores de mobilizam por todo o Brasil contra o NEM e por melhores condições de trabalho e estudo. No Rio de Janeiro, professores estão em greve há semanas contra o NEM e pelo pagamento do piso salarial e têm recebido amplo apoio dos estudantes. Na última semana, estudantes do Colégio Central do Brasil, no Méier (RJ), realizaram um protesto contra o NEM e em apoio à greve.
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No município de Maringá (PR), uma grande manifestação contra o NEM está marcada para o dia 27/06, às 12h00 na Praça dos Correios, e estudantes secundaristas e universitários têm se mobilizado incessantemente para o ato, com produções de faixa e entregas de mais de 500 panfletos em paradas de ônibus da cidade. Já na capital, Curitiba, no dia 20/06, foi realizado um ato contra o NEM no Colégio Estadual do Paraná.
Ainda no Paraná, professores realizaram uma vigorosa greve que atingiu sete universidades do estado. A greve recebeu apoio dos estudantes da Universidade Estadual de Maringá, que em assembleia no dia 25/05, aprovaram um posicionamento em apoio à greve e decidiram seguir o exemplo dos professores e realizar greves de ocupação na universidade. Além disso, estudantes da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), campus Laranjeiras do Sul – Paraná, realizarão no dia 23/06, uma ação de panfletagem no evento “UFFS de portas abertas”.
No Amazonas, em Manaus, ativistas da Frente Contra o Novo Ensino Médio de Manaus realizaram uma panfletagem na Escola Estadual Ângelo Ramazzotti, convocando para o ato nacional para 27/06.
Todos contra o NEM
As massivas mobilizações da educação que estremecem o Brasil fazem parte de uma crescente onda de estudantes e professores pela revogação do NEM, em defesa da educação pública, gratuita e de qualidade e pelo pagamento do piso salarial, parte das condições mínimas de trabalho e estudo. Em cada mobilização, as massas denunciam o efeito nefasto do NEM sobre o ensino e condições de trabalho, como a redução das disciplinas científicas como química e sociologia (substituídas por “matérias” como “empreendedorismo” e “bolo de pote”), desvios de função e a subsequente evasão escolar, que afeta principalmente os alunos mais pobres das escolas públicas.
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